
Marcos Portugal, Francisco de Sá Noronha, Arthur Napoleão dos Santos, Glauco Velasquez e Elodie Bouny
Os compositores aqui levantados possuem relações diversas com o Brasil. Alguns autores estrearam uma de suas óperas aqui quando adultos e logo seguiram para outro lugar (talvez nem tenham pisado de fato), outros nasceram em outro país, se estabeleceram no Brasil ainda crianças e nunca mais deixaram.
Por hora, como não tenho acesso a todas as biografias de cada autor, me restringi ao local de nascimento, independentemente de qualquer naturalização, mantendo assim este padrão. Em uma posterior revisão posso tentar expandir essas informações.
Essa é uma listagem dificílima de ser feita, nos séculos XIX e XX muitas companhias estrangeiras de ópera apresentavam obras por aqui que caíram no esquecimento, assim como compositores que podem não ter atingindo um grande público, mas que tinham uma produção local.
Obviamente não incluí nomes canônicos como Donizetti, Rossini e muitos outros, cujas execuções frequentes desde que foram compostas fogem do escopo da proposta. Até onde sei, nenhum destes compositores de maior destaque estreou ou teve uma ligação mais profunda com o Brasil. Se você puder me ajudar a expandir essa seção, serei muito grato!
António Teixeira (Lisboa, 14/05/1707 – 1774)
Musicou em Portugal alguns libretos de António José da Silva, O Judeu (Rio de Janeiro/RJ, 08/05/1705 – Lisboa, 19/10/1739)
• Guerras de Alecrim e Manjerona
• As Variedades de Proteu
• O Labirinto de Creta
• O Precipício de Faetonte
Marcos Antônio da Fonseca Portugal (Lisboa, 24/03/1762 – Rio de Janeiro, 17/02/1830)
Talvez o compositor estrangeiro de maior importância para o desenvolvimento da ópera no Brasil, quando aqui chega em 1811. Compôs suas óperas na Europa, mas provavelmente as teve representada no Brasil.
Óperas compostas/estreadas no Rio de Janeiro:
• Il muto per astuzia – Libreto: Giuseppe Maria Foppa (1811)
• A saloia namorada – Libreto: Domingos Caldas Barbosa, Rio de Janeiro (1812)
• Augùrio di felicità ossia Il trionfo d’amore – Libreto: Marcos Portugal, a partir de Pietro Metastasio, (1817)
• O Basculho +
Bernardo José de Souza Queiroz (Lisboa, Portugal, 1765 – Rio de Janeiro,1837)
• Zaíra – Devido a sobrevivência da partitura desta obra, a mesma representa a mais antiga ópera composta no Brasil (1809) +
• O Juramento dos Numes – Libreto: Gastão Fausto da Câmara Coutinho (Português, também residente no Brasil) +
• Os doidos fingidos por amor – (1813) +
Fortunato Mazziotti (Portugal, Lisboa, 1782 – 1855)
Compositor estabelecido no Rio de Janeiro e atuante em 1816 como 3º mestre de capela da Capela Real. Assim como Marcos Portugal, provavelmente trabalhou suas obras no Brasil, porém carece de documentos. (MARIZ, Vasco. 2008. Pág. 35).
• A Defesa de Saragosa – Libreto: António Xavier Ferreira de Azevedo. Talvez composta no Brasil (1812)
Mariano Pablo Rosquellas y Carreras (Espanha 1784 ou 1790 – 1857 ou 1859)
• O grande califa de Bagdad – (1819 ou 1825)
Fontes: https://dbe.rah.es/biografias/69006/mariano-pablo-rosquellas
CARDOSO, Lino de Almeida. O som social: Música, poder e sociedade no Brasil (Rio de Janeiro, séculos XVIII e XIX). Ed. do A., 2011.
Giovanni Pacini (Itália, 17/02/1796 – Itália, 06/12/1867)
• I portoghesi nel Brasile. Libreto: Achille de Lauzières (1856 – Estreia no Rio de Janeiro)
Joaquim Casimiro Júnior (Lisboa, Portugal, 1808 – Lisboa, Portugal, 1962)
• A Loteria do Diabo – Libreto: Joaquim Augusto d’Oliveira e Francisco Palha.
Rafaela de Roswadowska (Condessa) (Polônia c. 1816 – 1906)
• Os Dois Amores – Libreto: Manuel Antônio de Almeida (1861) +
Francisco de Sá Noronha (Viana do Castelo, Portugal, 1820 – Rio de Janeiro, 1881)
Algumas das óperas estreadas/interpretadas no Brasil:
• A graça de Deus (1852)
• O Triunfo de Trajano
• Arthur ou dezesseis anos depois
• Cosimo ou o príncipe caiador
• A princesa dos cajueiros – Libreto: Artur Azevedo (1879)
• O califa da rua do Sabão – Libreto: Artur Azevedo (1880)
• Os noivos – Libreto: Artur Azevedo (1880)
• As virgens
• Os guardas do Rei de Sião (1880)
As datas diferem entre as fontes como em https://musicalics.com/en/node/84463. Uma listagem mais detalhada pode ser encontrada em: SOUZA, Silvia Martins de. Quinze anos no Brasil. Mediação cultural e mercado teatral na trajetória brasileira do violinista e compositor português Francisco de Sá Noronha (1838- 1853).
Adolfo Maersch (Alemanha, 1820 – 1880)
• Marília de Itamaracá ou A donzela da Mangueria – Libreto: Luis Vicente de Simoni (1854) + (Considerada como a primeira ópera a tratar de um assunto nacional)
Fonte: KÜHL, Paulo M. Construindo o nacional na ópera: A Marília de Itamaracá de L. V. De-Simoni
Charles Lucien Lambert (EUA, 1828 ou 1858 – 1896 ou 1945)
• Amleto – (Sem data) * +
• Sire Olof – (Sem data) *
João Pedro Gomes Cardim (Portugal, 1832 – São Paulo, SP, 30/04/1918)
Comendador e músico, pai de Pedro Augusto Gomes Cardim, dramaturgo e político brasileiro fundador da Academia de Belas Artes. Possivelmente compôs inúmeras peças destinadas ao teatro.
• Os Argonautas – Ópera cômica provavelmente trabalhada em solo brasileiro.
Demétrio Riveiro (Argentina, Buenos Aires – Brasil. Datas desconhecidas)
• O Primo da California. Libreto: Joaquim Manuel de Macedo (Estreia no Rio de Janeiro, 1854 ou 1855)
Considerada a primeira ópera composta por um argentino
Fontes: https://www.operaworld.es/descubriendo-la-opera-argentina/
LOPES, Hélio. Letras de Minas e Outros Ensaios. Edusp, 1997.
Manuel Acosta y Oliveira (Uruguai. Datas desconhecidas)
• Os Bachareis – Libreto: Simões Lopes Neto
Joaquim Giannini (Itália. Datas desconhecidas)
Professor do Conservatório do Rio de Janeiro.
• Véspera dos Guararapes – Libreto: Manuel de Araújo Porto Alegre (1856)
Fonte: BRANDÃO, José Maurício. Ópera no Brasil: um panorama histórico. Revista Música Hodie, Goiânia – V.12, 302p., n.2, 2012.
Carlo Marcora ou Giuseppe Marcora (Itália. Datas desconhecidas)
• Cristoforo Colombo – Felice Romani (1869)
Sangiorgi (Itália. Datas desconhecidas)
• Moema e Paraguaçu – Libreto: Francisco Bonifácio de Abreu (1861) +
Essa é considerada a primeira ópera indianista brasileira
Vincenzo Mattarress (Itália, 1837 – 1907)
• Il re di Svezia. Libreto: Francesco Vicoli (1870)
Arthur Napoleão dos Santos (Porto, Portugal, 06/03/1843 – Rio de Janeiro 12/05/1925)
• O remorso vivo – Libreto: Furtado Coelho e Joaquim Serra (1866; 1867)
Consta uma gravação na cinemateca: http://bases.cinemateca.gov.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=FILMOGRAFIA&lang=P&nextAction=search&exprSearch=ID=000756&format=detailed.pft
Alfredo Antonio Jannotta (Itália, 1843 – Provavelmente EUA, 1913)
• Alidor (1887) – Ópera estreada em 1874 nos EUA.
Francisco Alvarenga (Portugal, 1844 – 1883)
• O visconde – (1882)
• O pato ganso – (1882)
• O periquito – Libreto: António de Sousa Bastos e Costa Braga (1882)
https://exhibits.stanford.edu/operadata/catalog?f%5Bcomposer_ssim%5D%5B%5D=Francisco+Alvarenga
Ciríaco Cardoso (Portugal, 1846 – 1900)
• O urso azul – Libreto: Eduardo Garrido. Estreia brasileira em 1896
Joaquim Tomás del Negro (Lisboa, 5/06/1850 – Lisboa, 12/02/1933)
• O Homem das Mangas – Libreto: João de Freitas Branco, Mello Basetto (1903)
Ettore Bosio (Itália, 1862 – morte provável em 1936. Residiu em Belém)
• O Duque de Vizeu – Libreto: Pacheco Neto (1892)
• Ideale
• Seméle
Fernand Jouteux (França, 1866 – Brasil, 1956)
• O Sertão – Libreto do autor, baseada no livro de Euclides da Cunha.
Giovanni Giannetti (Nápoles, 25/03/1869 – Rio de Janeiro, 10/12/1934)
• Cristo alla festa di Purim – Libreto: Giovanni Bovio (1904)
Provavelmente composta em território brasileiro:
• Don Marzio – 1904.
Pedro Sinzig (Alemanha, Linz/Reno 09/01/1876 – Düsseldorf 08/12/1952)
• Frei Antônio – (1949-1952, talvez incompleta)
Fonte: https://franciscanos.org.br/quemsomos/personagens/frei-pedro-sinzig/#gsc.tab=0
Leo Kessler (Suiça, 1882 – Blumenau, 1924)
• Papilio Innocentia – Libreto: Emiliano Perneta, adaptado de Visconde de Taunay (1941/1915)
Licinio Goffredo Clinio Elpidio Refice (Itália, 12/02/1883 – Rio de Janeiro, 11/09/1954)
Aparentemente suas óperas não estrearam no Brasil, mas talvez as tenha composto aqui/executado.
• Cecilia – (1934)
• Margherita da Cortona – (1938)
• Il mago – (1954 incompleta)
Glauco Velasquez (Nápoles, 22/03/1884 – Rio de Janeiro, 21/06/1914)
• Soeur Beatrice – Libreto: Maeterlinck. Não foi orquestrada, talvez Francisco Braga o tenha (c. 1910) *
Josef Prantl (Áustria, 1895 – 1951)
• Yara – Otto Adolf Nohel (1936)
DAMACENO, Cristiano; HOLLER, Marcos Ópera Yara de Josef Prantl (1895-1951) e Otto Adolfo Nohel (?-1932): contribuições para a história cultural de Joinville-SC na década de 1930.
Hans-Joachim Koellreutter (Freiburg, Alemanha, 1915 – São Paulo/SP, 2005)
• Café – Libreto: Mário de Andrade (1933/1942) +
Ernst Widmer (Suiça, Aarau, 25/04/1927 – Suiça, Aarau, 03/01/1990)
• Akasha; (Der Katsen); (A caixa) – Libreto: Antônio Brasileiro. Traduzido para alemão pelo compositor (1975)
• “X” – Ópera da liberdade – Libreto: Myriam Fraga (1889)
Fonte: Catálogo do compositor
Ernst Mahle (Stuttgart, 03/01/1929)
• Maroquinhas Fru-Fru – Libreto: Maria Clara Machado (1974) +
• A Moreninha – Libreto: José Maria Ferreira (1979) +
• O Garatuja – Libreto: Eugénio Leandro (2005)
• Isaura – Libreto: Marcelo Batuíra (2005)
Rufo Herrera (Argentina, 1933. Radicado no Brasil em 1963)
• Balada para Matraga (Provavelmente renomeada Matraga para a montagem de 2023) – (1985) +
José Alberto Kaplan (Rosário, Argentina, 16/07/1935 – João Pessoa, 29/07/2009)
• O Refletor – Libreto: José Alberto Kaplan (1988) +
Eduardo Escalante (Buenos Aires, 1937. Naturalizado em São Paulo em 1949)
• O Pagador de Promessas – Libreto: Henri Doublier e Marie Jeanne Calasans (2006) +
Sergei Firsanov (Próximo de 1956, Rússia. Morou no Pará)
• Enfim, o milagre aconteceu – (2000)
• O Viajante Das Lendas Amazônicas – Libreto: Paes Loureiro (2007) +
Aldo Brizzi (Itália, Alessandria, 1960. Mora em Salvador/BA)
• Mambo Místico (2004)
Marcus Alessi Bittencourt (EUA, Texas, 1974)
• Noite na Repartição (1996)
• KA (2002) +
Elodie Bouny (Venezuela, 1982)
• Homens de Papel – Libreto: Hugo Possolo, a partir de Plínio Marques (2022)
* Luiz Heitor Corrêa de Azevedo
+ Vanda Bellard Freire